Cidade que liderou o ciclo do café no século 19 hoje exporta tecnologia agrícola para o mundo por meio de centros como o Instituto Agronômico de Campinas (IAC).
Instituto Agronômico de Campinas (IAC) Fernando Evans/g1 Pouco mais de um século antes de ser reconhecida como polo de ciência e inovação, Campinas (SP) foi um dos principais centros agrícolas do Brasil.
Embora não ostente mais engenhos de açúcar e fazendas de café que impulsionaram o desenvolvimento, mantém a importância no agronegócio com importantes centros de pesquisa, referência em tecnologia para o campo. 📲 Siga o g1 Campinas no Instagram É o caso do Instituto Agronômico de Campinas (IAC), fundado em 1887, por Dom Pedro II.
Instituição mais longeva em termos de pesquisa agrícola na América Latina, é expoente na melhoria genética vegetal e ajudou, entre outras coisas, a espalhar o café pelo mundo.
De acordo com Regina Célia de Matos Pires, vice diretora do IAC, cerca de 70% do café arábica cultivado em todo o planeta é originário de cafeeiros provenientes do trabalho da instituição. "Dom Pedro II foi visionário, ele anteveu a necessidade e o potencial agrícola, de melhorar a questão a especialização para se obter melhores resultados e lidar com os desafios futuros", destaca Regina. O IAC foi precursor na área, mas Campinas abriga diferentes instituições com produções relevantes para o agro, como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e o ITAL (Instituto de Tecnologia de Alimentos), e centros de pesquisa como o CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energias e Materiais) e a Unicamp, entre outros. 'Capital agrícola' O professor Marcos Tognon, da Unicamp, explica que Campinas foi, desde o século 18 uma das principais 'capitais agrícolas".
"Existiam engenhos produzindo açúcar, e isso durou até praticamente o século 20.
No século 19, Campinas foi a primeira grande fronteira moderna do café, graças ao Instituto Agronômico fundado por Dom Pedro II pouco antes do fim do Império.
E graças a isso, o café teve um progresso gigantesco, nunca antes atingido em outras regiões do Brasil", conta. Segundo Tognon, que foi conselheiro do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico Artístico Arqueológico e Turístico do Estado de São Paulo), o progresso do café ajudou a bancar grande parte da urbanização da cidade. "Essa transferência do capital do café para áreas urbanas foi muito comum, e Campinas teve um desenvolvimento superlativo em relação a outros municípios, graças à economia do café", diz. Entre os principais pontos que o poderio agrícola impulsionaram o desenvolvimento está, segundo o professor, no pátio ferroviário de Campinas, que foi o maior da América do Sul, responsável por uma movimentação gigantesca de pessoas e produtos. "Aqui era o ponto de referência da chegada também de todo o café produzido na região da Mantiqueira, Amparo, Serra Negra, na região da fronteira do Oeste Paulista, ou seja, Mococa, Ribeirão, Preto, Franca, então tudo passava por aqui.
Então Campinas foi de fato um polo muito importante, e isso se refletiu inclusive nas estradas", detalha. Segundo o pesquisador do IAC, Sérgio Parreiras, de 70% a 80% do que é plantado de café arábica no Brasil arábica vem das variedades Catuaí e Mundo Novo Consórcio Pesquisa do Café Passado e futuro Ao longo de sua história, o IAC já lançou 1,2 mil cultivares adaptadas a diferentes solos, climas e desafios como pragas, doenças e escassez hídrica.
O instituto atua em mais de 100 espécies, incluindo feijão, algodão, frutas tropicais e até culturas da agricultura familiar.
Além disso, o Instituto Agronômico de Campinas abriga um dos mais antigos bancos de dados climáticos da América Latina, com registros iniciados ainda no final do século 19.
"Informações fundamentais para o entendimento de estudos de mudanças climáticas", diz Regina. O IAC também possui um programa de pós-graduação ativo desde 1999, já tendo formado mais de 500 mestres e 70 doutores.
“Apesar de ser a instituição mais longeva da América Latina em pesquisa agrícola, estamos sempre com os olhos voltados para o futuro”, destaca a vice-diretora. Regina explica que embora Campinas não tenha a mesma relevância na produção agrícola direta, se destaca na área como polo de inovação.
Ela reforça que o IAC lidera pesquias em biotecnologia, agricultura de precisão e sustentabilidade.
“Trabalhamos com toda a cadeia de produção, desde o material genético até o uso eficiente da água e a saúde do trabalhador”, completa. EP Agro Summit E com toda essa história e vocação agrícola, Campinas (SP) recebe, no dia 4 de novembro de 2025, o EP Agro Summit, evento que irá abordar questões como gestão, inovação, sustentabilidade, sucessão familiar e tecnologia no agronegócio. Clique aqui e veja os palestrantes já confirmados O EP Agro Summit está com inscrições abertas, e os ingressos antecipados e com desconto, podem ser adquiridos pela internet. Imagem aérea de Campinas na região do centro Reprodução/EPTV VÍDEOS: saiba tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias sobre a região no g1 Campinas